Eu adormeci mas acordei sangrando. Que pecado eu cometi, onde começaram as traições - a ironia, o reverso da poesia, o cinismo? Muito antes. E hoje eu conheço amar por amar você. E você parte, e essa união dentro de mim, me leva e me deixa. Que peso e' esse, que distancia e' essa? E se não conheço o teu corpo o que eu conheço? E se ele muda sem mim, sem os meus olhos, onde estou? Que casa e' essa então, que não recebe, que faz de mim uma casa que não mais se habita? Estou cheio de vergonha desse amor, desse amor que luta através de mim, que ri das minhas chagas e do meu orgulho: ainda não, ele diz, e nunca.
Hoje eu não tenho um caminho, e essas poesias são gritos. Onde eu vou não te encontro. Estou sem paz sem você. Essa fraqueza sem fraquezas, essa insistência no futuro, esse morrer... Eu te amo sem te perder, bailarina, sem te deixar, mas sem mim. Eu caminho por Buenos Aires, pelas ruas mais tristes do Rio, por uma imensa saudade.
E entre esses soluços eu me pergunto do que você precisa, se eu podia te dar alguma coisa, cuidar de você ate algum fim. E' assim esse amor dentro de mim, bailarina, esse perdão. Ele te chama. Ele precisa de você. Ele não conhece defesa.
Meu amor, minha bailarina, minha tristeza, minha poesia. Meus. O movimento dessa graça, desse eterno, sem Deus, desse milagre. Eu te amo, muito, e sempre. Eu te espero, todo dia.
Hoje eu estou sozinho, com você. Eu quase não aguento.
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