sábado, 16 de fevereiro de 2008

kanji

“Um jeito de amar foi embora com ela”. Foi o que lhe disse o amigo no terceiro chopp do domingo. E ele, olhando o gol do Fluminense através da TV, não via nada.“O Paulo, por exemplo, quase ficou louco e no final tatuou o nome da namorada em japonês. Isso depois dela ter se casado com outro”. E ele pensou na estatueta que comprara um dia antes, um casal em bronze fundido num abraço. “Rasgou o nome da mulher na perna para esquece-la para sempre."

E aquela frase merecia um conto. Um jeito de amar foi embora com ela. E em cima da elegante cristaleira depositou a materialização do mais antigo devaneio, a projeção de sua ultima ilusão, o mysterium coniunction pela mais persistente de suas fraquezas. "Mas o Paulo não estava namorando de novo"? "Só se for uma por semana". “E porque em japonês?”

“El destino siempre nos conduce a lo que teníamos de ser”. “Jung?” “Não, Sabato”. “Quem é esse?”. “Abri o livro e li: vuelvo a deslumbrar los umbrales del Absoluto”. “Seu espanhol é uma merda". "Toma mais um chopp".