quinta-feira, 18 de outubro de 2007

poema em feminino


refém do tempo
vou sucumbindo ao feminino
desses gestos, desde ventos
densa curva dos cabelos,
e deixando dissipar a agonia

e preso a um exercício
toda a irrupção da liberdade:
são gestos vermelhos, estes
numa escolha dos meus olhos:
os detalhes de uma saia
o relevo atrevido de uma coxa
a sarda mal contada de um seio
menor e irascível
quase improdutivo

quanta desproporção numa flauta

e no meio de tanta coisa
de tanta fala inaudível
estou ali
tenho certeza

a magia incandescente
a impropriedade absurda
a imensa delicadeza

Um comentário:

Unknown disse...

Por enquanto, meu preferido. Big time.